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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Greve da PM afeta Carnaval de Salvador e assusta os turistas


Da venda de abadás [fantasia que identifica o folião no bloco] ao cancelamento de shows e pacotes turísticos; da queda de faturamento em bares e restaurantes à redução na procura pelo aluguel de carros e apartamentos, a greve dos policiais militares da Bahia, que entra no nono dia nesta quarta-feira (8), afetou a cadeia produtiva do Carnaval.

“Até o momento, 10% dos pacotes turísticos vendidos para a Bahia no período da festa foram cancelados. E a tendência é que este índice seja bem maior, caso a greve não termine nas próximas horas”, afirmou o presidente da ABAV (Associação Brasileira de Agências de Viagens) da Bahia, Pedro Galvão.

“A repercussão negativa em todo o mundo, as imagens, reportagens e fotografias de saques, ônibus queimados e o número elevado de assassinatos [mais de cem, desde o início do movimento], certamente, estão entre os motivos que fizeram os turistas desistirem de Salvador”, acrescentou o presidente da ABAV. “Quem deixou para comprar qualquer pacote para a cidade nos últimos dias desistiu da ideia”, afirmou Leandro Rodrigues, funcionário de uma agência de turismo.


A imagem da Bahia no exterior também ficou arranhada com a paralisação da PM. O Consulado Geral dos Estados Unidos no Brasil divulgou nota recomendando que somente deveriam vir à Bahia os americanos com compromissos inadiáveis. O governo francês tomou a mesma atitude. “Estou muito decepcionado com esta situação. Queria ver o Carnaval, mas vou embora porque estou com muito medo”, afirmou o chileno Pablo Gonzalez, que está hospedado em um hotel da orla de Salvador.

Espetáculos adiados

Os artistas são outra categoria afetada pela greve. Cerca de 80 espetáculos culturais –shows, ensaios, peças teatrais, exposições e aulas de dança, por exemplo–, tiveram de ser cancelados. Entre as artistas que foram obrigadas a suspender seus shows estão Ivete Sangalo e Claudia Leitte.

A insegurança na capital baiana é tão grande que até mesmo a entrevista coletiva que Daniela Mercury daria na tarde desta quarta-feira para divulgar suas novidades na folia foi adiada por tempo indeterminado. “Não adianta a gente tentar esconder porque a greve afetou diretamente a venda de abadás”, afirmou o vocalista Xanddy, do Harmonia do Samba.

“Se os dirigentes dos blocos não derem descontos ou cortesias, as fantasias vão encalhar porque a procura é muito pequena”, disse uma vendedora de um shopping da capital baiana que pediu para não ser identificada com medo de represálias. Há 12 anos trabalhando como “cambista” durante o Carnaval, Hugo César Vieira Ramos está temeroso. “Quem compra abadá de última hora são os turistas. E, com a greve, é evidente que muita gente desistiu de passar o Carnaval aqui”, afirmou.

Processo

Em carta encaminhada ao secretário de Turismo Domingos Leonelli, o presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Salvador, Silvio Pessoa, disse que os estabelecimentos foram os “grandes prejudicados” com a paralisação da PM. Dados da entidade mostram que, em média, a queda foi de 30%.

“O período mais conturbado da greve foi o final de semana, justamente quando bares e restaurantes registram um grande movimento. Além de uma queda acentuada nas vendas, tive de fechar o estabelecimento por dois dias consecutivos para não comprometer a segurança dos clientes”, afirmou Mário Henrique Santana, sócio de um restaurante no centro da capital baiana.

Revoltados com a situação, empresários e comerciantes, através de suas associações, resolveram ingressar com ações judiciais contra o governo da Bahia. “Segurança pública é um dever do Estado e, independente do motivo, os comerciantes foram prejudicados”, disse o advogado Cândido Sá, que foi contratado por 140 entidades. De acordo com o advogado, quem quiser recorrer à Justiça precisa apenas apresentar o contrato social e os últimos balancetes financeiros.


O presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio do Estado da Bahia, Paulo Motta, disse que, desde o começo da greve, o prejuízo dos comerciantes é de cerca de R$ 250 milhões.
Acostumados a ter seus faturamentos aumentados em até 150% durante o período carnavalesco, os taxistas estão trabalhando menos nos últimos dias. “Ninguém quer rodar à noite com medo de ser assaltado. E, além disso, não aceitamos corridas para bairros periféricos porque as ruas estão desertas e o medo é geral”, disse o motorista Eder Oliveira.

Presidente da Saltur (Empresa Salvador Turismo), órgão da prefeitura responsável pela organização do Carnaval, Cláudio Tinoco disse que há tempo suficiente para o efetivo policial se mobilizar até o início da festa. “Temos pesquisas demonstrando que 72% dos foliões locais e 80% dos turistas classificam como ótimo ou bom a segurança pública em Salvador durante o Carnaval. Portanto, se a greve acabar, a situação volta à normalidade rapidamente.”

Segundo a Saltur, o Carnaval da capital baiana gera uma receita de R$ 1 bilhão e oferece 210 mil empregos –entre cordeiros, vendedores ambulantes, seguranças, técnicos de som e de iluminação, barraqueiros, faxineiros, decoradores, motoristas, artistas e funcionários contratados por hotéis, restaurantes e pousadas. O governo estadual espera 500 mil turistas durante a festa –do total, 10% estrangeiros.







Fonte: Uol
Imagem: Ilustração internet

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