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sábado, 12 de maio de 2012

Saúde - Comitê dos EUA aprova pílula preventiva contra aids


Especialistas dão sinal verde para que o Truvada seja comercializado para pessoas saudáveis com parceiros infectados

Consultores do FDA, órgão americano que regula alimentos e medicamentos, recomendaram a adoção da droga Truvada como a primeira pílula para prevenir a aids. Os especialistas se reuniram nesta quinta-feira, após o FDA ter se pronunciado favorável ao estudo que mostrava a eficácia do medicamento em pessoas saudáveis. O FDA, que tomará a decisão final sobre o medicamento no dia 15 de junho, não é obrigado a seguir a recomendação do comitê, mas é o que normalmente acontece.

Os especialistas aprovaram por 19 votos contra 3 a prescrição do Truvada para homens homossexuais HIV-negativos, e, por 19 votos a 2 (uma abstenção), receitar a droga para pessoas não infectadas cujos parceiros têm aids.

O Truvada está disponível desde 2004 para tratamento de soropositivos em combinação com outras drogas antirretrovirais, como forma de diminuir a proliferação do vírus no organismo.

Depois de um estudo publicado na revista Science, mostrando a eficácia do remédio em prevenir que pessoas saudáveis fossem infectadas, a fabricante Gilead Sciences apresentou uma solicitação para poder comercializar o Truvada com objetivos de prevenção.

O estudo mostrou que a droga aumentou a capacidade de prevenir o HIV em homens homossexuais, que adotam comportamentos de risco, de 44% para quase 73%. Contudo, críticos observam que a pílula é cara - custa até 14.000 dólares ao ano - e outros alertam que o teste clínico não representa as circunstâncias do mundo real e poderia provocar um aumento na prática de sexo sem proteção e em uma retomada nos casos de aids. Além disso, o remédio pode causar diarreia, tontura, náusea e vômito como efeitos colaterais. Nos casos mais sérios, houve intoxicação do fígado, problemas nos rins e enfraquecimento dos ossos.

Os homens homossexuais representam mais da metade dos 56.000 novos casos de HIV nos Estados Unidos, segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças do país. Uma análise do custo e benefício, realizada em abril por especialistas da Universidade de Standford, sugeriu que o medicamento seria financeiramente viável entre homens gays com cinco parceiros ou mais ao ano, mas seria proibitivamente caro se promovido para todos os homossexuais masculinos.


Saiba mais

TRUVADA

O Truvada, comercializado desde 2004, é a combinação de outras duas drogas mais antigas no combate do HIV, Emtriva e Viread. Os médicos normalmente receitam a medicação como parte de um coquetel que dificulta a proliferação do vírus, reduzindo as chances da aids se desenvolver.

A capacidade de prevenção do Truvada foi anunciada pela primeira vez em 2010 como um dos grandes avanços médicos na luta contra a epidemia de aids. Um estudo de três anos descobriu que doses diárias diminuíam o risco de infecção em homens saudáveis em 44%, quando acompanhados por orientação e o uso de preservativo.

Outro estudo descobriu que o Truvada reduziu a infecção em 75% para casais heterossexuais em que um dos parceiros tinha o HIV. O remédio já está no mercado para tratar a doença, mas sob a prescrição médica em casos específicos. A aprovação do FDA permitiria a empresa Gilead Sciences, dona da medicação, para vender a droga formalmente nas condições estabelecidas pelo órgão.


Opinião do especialista

Caio Rosenthal
Infectologista do hospital Emílio Ribas, em São Paulo.


A utilização do Truvada para pessoas que estão muito expostas ao HIV é muito bem vinda. São aquelas que trabalham em hospitais de referência para o tratamento da doença e para casais em que um dos parceiros está infectado. Aqui no Brasil, o remédio não existe, mas é possível utilizar os dois que o formam. A quantidade de comprimidos aumenta, mas o efeito seria o mesmo.

O Ministério da Saúde está discutindo se vai distribuir o remédio para as pessoas que fazem parte do grupo de alto risco. Atualmente, a única solução nesses casos é a ingestão de um coquetel antirretroviral nas quatro semanas seguintes à exposição ao vírus. Contudo, temos que ter um critério seletivo muito afiado e isso tem um custo muito alto.


(Com agência France-Presse)

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