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quarta-feira, 19 de março de 2014

Em Rondônia, óticas exercem medicina ilegal e cegam pacientes, diz conselho

Cremero pede intervenção do MPE e polícia. Lojas fazem venda casada de receita e óculos desnecessários, diz médico.

                               (Foto: Assem Neto/G1 RO)
A optometria não médica, atividade praticada por proprietários de óticas sem conhecimento aprofundado da medicina ocular, será alvo de uma denúncia no Ministério Público de Rondônia, informou o presidente em exercício do Conselho Regional de Medicina (Cremero), Cleiton Bach. “É um problema enraizado em Rondônia. Um problema sério para a polícia resolver. 

Esta situação está deixando cegos muitos cidadãos desinformados”, alerta.  Há pelo menos seis empresas listadas na denúncia que chegará à Promotoria de Saúde, sendo que uma delas tem matriz na Rua Amazonas e pertence a um casal que mora em Porto Velho.  Outras lojas, de acordo com o Cremero, estão localizadas na Rua José Amador dos Reis.

Levantamentos do Conselho indicam que várias óticas em Porto Velho cobram preços fora da realidade por exames, fazem venda casada de receita e condicionam a confecção dos óculos na mesma empresa, que também funciona ilegalmente como consultório. A denúncia constará, ainda, um suposto conluio por parte das óticas com determinados oftalmologistas.  E, ainda, casos concretos de pacientes de glaucoma, doença de lenta progressão que leva até 20 anos para evoluir.
 
A retinopatia diabética, malefícios do diabetes no olho, é outro exemplo de enfermidade ocular que, segundo o presidente do Cremero, não pode ser diagnosticada no tempo certo sem a presença de um profissional em oftalmologia.  Bach informa que os pacientes foram identificados após análise nos prontuários da Policlínica Oswaldo Cruz e no Hospital Santa Marcelina.


“Eu tinha a visão perfeita. Mas quase morri com dores de cabeça e na nuca depois de uma consulta de rotina numa ótica de Porto Velho. Fui orientada a fazer tudo por lá, sem passar pelo oftalmo. Isso tem 30 dias apenas. Depois, procurei um profissional e, durante os exames, não conseguia enxergar direito. Eu via tudo embaralhado. Graças a Deus, uma cirurgia de emergência me salvou da cegueira”, disse a caminhoneira Licione Xavier, que faz transporte interestadual de cargas e falou ao G1. A mulher é paciente da oftalmologista Paula Ragnini, que identificou danos sérios provocados pelo uso desnecessário de graus prescritos sem conhecimento médico adequado.

O Cremero lembra que a optometria não é profissão regulamentada no Brasil e os nomes que serão levados para apuração de exercício ilegal da medicina ao MPE não aparecem como acadêmicos das três únicas universidades que oferecem esse tipo de conhecimento: Brascuba, no Rio de Janeiro; Vale do Contestado, em Santa Catarina; e Ulbra, no Rio Grande do Sul.


G1 RO

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